Os olhos que mostram as marcas que uma guerra deixa na população

Lais Morais
3 min readNov 30, 2020

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Com apoio do CICV, repórteres realizam coberturas humanitárias em diversos lugares do mundo.

Foto de Hani Amara/Reuters

Os olhos dos correspondentes internacionais trazem para o mundo, o que os olhos das pessoas em seus rotineiros dias nas grandes, e pequenas, cidades não veem: o que acontece no campo de guerra e nos conflitos armados. No meio de instabilidade política e econômica, pairam a fome, medo, descaso, escassez diversa, falta de saneamento básico, entre outros indescritíveis fatores.

É por isso que correspondentes internacionais em conflitos armados são enviados, enfrentando tantos riscos, para transmitir a realidade imposta aos civis de tantos lugares que vivenciam guerras de diversas naturezas. Porém, esses riscos são severos e recorrentes. Além disso, quando o assunto é jornalistas na guerra, enquanto os civis fogem de todo foco de atenção e perigo, a natureza do jornalista o compele a ir direto ao ponto central da guerra, onde normalmente está o perigo. São nesses momentos que esses profissionais lidam problemas diversos, desde a censura até riscos à própria vida.

Em áreas específicas como Oriente Médio e Norte da África, onde conflitos são mais intensos e constantes, os riscos aos jornalistas estão em constante ascensão. E, em anos como 2020, em meio a tanta instabilidade, epidemias como a do corona vírus, abalam um ambiente já totalmente instável.

Diante desse cenário, existe proteção desses jornalista a partir do momento em que eles, são detidos, desaparecem, são capturados ou presos. O que, não raramente, acontece. Muitas vezes os profissionais da mídia revelam ao mundo realidades e verdades que não são convenientes para partes dos conflitos, ou então estão apenas em lugares tão perigosos quanto cruciais para a reportagem.

Marie Colvin é um símbolo e exemplo ideal dessa situação, morta em 2012 ao trabalhar em uma cobertura incansável na Síria, a premiada jornalista foi conhecida por sua trajetória como correspondente e por trazer informações e revelar verdades que o mundo queria saber, como por exemplo que a guerra na Síria estava atacando civis, diferente do que as autoridades diziam.

Segundo Artigo 79 (1) do Protocolo Adicional da Convenção de Genebra, jornalistas desfrutam da mesma proteção que civis, contanto que não tenham ação direta nas hostilidades. Além disso, é contra as leis do Direito Internacional Humanitário a violência contra profissionais da mídia. Ao mesmo tempo que é tão comum em conflitos armados, tanto internos quanto internacionais.

De acordo com publicação do CICV, sobre assistência aos jornalistas em conformidade com o Direito Internacional Humanitário, os jornalistas que estiverem em missão em áreas de conflitos armados devem ser respeitados e protegidos, desde que eles não atuem de forma adversa que afete seu estatuto de pessoa civil.

Apesar da ajuda a todo e qualquer jornalista, a CICV não mantém relação, de nenhum tipo, pois a neutralidade é princípio fundamental da organização, e não pode ser prejudicada por defender os repórteres. E, nesse caso, além da neutralidade a confidencialidade é tão fundamental quanto, pois envolve questões sensíveis e delicadas, como vida e morte.

Existe um contato para assistência aos jornalistas que funciona 24h. O que prova a seriedade do compromisso da organização em proteger esses profissionais. Essa linha direta para assistência aos jornalistas foi criada em 1985.

O correspondente internacional, Mário Cajé, já realizou diversas matérias em lugares que vivem dias envolvidos em conflito e traz essa realidade para os brasileiros, através da GloboNews. Com essa experiência ele explica que jornalistas mostram a realidade da população e como a guerra fica marcada e definida neles, esse fato traz diversos traumas, não só para as pessoas como para o lugar. “É muito sofrimento e muito trabalho ,mas depois que você termina a reportagem, é uma satisfação muito boa”, afirma Mário.

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